terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sesc Pompéia






































As visitas ao SESC Pompéia já se tornaram inseparáveis do roteiro das viagem a São Paulo, a cada visita a experiência estética muda, e assim percebemos coisas que antes não havíamos visto. A arquitetura de Lina Bo Bardi nessa obra se torna um referencial arquitetônico não só para o Brasil, mas também pra o mundo todo. Quando olhamos aquele edifício com as aberturas irregulares e o jogo de rampas, parece-nos que Lina transforma a paisagem em uma fantasia alegre, a expressividade carregada dos edifícios torna um mistério que convida as pessoas a descobrir o que existe lá dentro.
O bloco esportivo , todo em concreto aparente, para muitos é um choque. Duas torres de concreto, uma com buracos de caverna ao invés de janelas, outra com janelas quadradas salpicadas aleatoriamente pelas fachadas, ao lado de uma terceira torre cilíndrica de 70 metros de altura, também em concreto. Ligando as duas torres, entre os vestiários e as quadras, 8 passarelas de concreto protendido venciam vãos de até 25 metros e criavam uma atmosfera feérica, expressionista. É importante lembrar que, sob tais passarelas passa um córrego canalizado – o Córrego das Águas Pretas – que cria uma área não edificada. As passarelas, portanto, não surgem de uma decisão formal e nem arbitrária de projeto. Elas respondem à realidade do lugar, entendido no sentido amplo do terreno.
Assim, um dos aspectos mais importantes da obra de Lina Bo Bardi é a sua aguda sensibilidade demonstrada em relação aos lugares em que trabalha, sabendo valorizar e preservar os elementos relevantes, valorizando-os pela inclusão de componentes modernos.
O fato que mais me surpreendeu nessa obra, foi a descoberta de que o edifício era uma antiga fábrica. O fato da Lina ter conseguido preservar a memória da cidade industrial e ao mesmo tempo adequar o edifício às novas exigência é surpreendente.
Em meio às nuances arquitetônicas de Lina Bo Bardi, o traço do mobiliário do Sesc também é surpreendente, visto que a principal intenção de é garantir conforto ao usuário sem isolá-lo de um todo. As mesas e cadeiras conjugadas, a separação dos ambientes por barreiras semi abertas e os ambientes formados por eles tornaram-se para mim um convite ou até mesmo um pedido para que eu interája com o espaço.
Recentemente, o Sesc foi reformado para se adequar às necessidades da atualidade. O barulho causado pelos shows noturnos incomodava bastante a vizinhança, assim os arquitetos André Vainer e Marcelo Carvalho Ferraz fizeram toda uma estrutura de isolamento acústico, como também reformaram a parte da cozinha para que ela pudesse compreender um número de 1800 refeições diárias.
O Pompéia além de um referencial arquitetônico é também um ícone artístico para a cidade de São Paulo, uma vez que grandes espetáculos são apresentados em seus teatros e asoficinas e mostras artísticas também fazem parte de todo o complexo cultural que o espaço projetado por Lina compreende. O Sesc promove um verdadeiro movimento artístico de integração da população com o mundo das artes.












segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

MASP









Em muitas visitas a São Paulo, a passagem pelo MASP está sempre presente no meu roteiro, a obra pra mim como aluna de arquitetura é um símbolo de como a arquitetura pode transformar espaços e criar novas perspectivas de vida. O MASP é um centro cultural e um pólo do desenvolvimento artístico do Brasil.
O edifício do MASP, de setenta metros de vão, cinco metros de balanço de cada lado, oito metros de pé direito livre de qualquer coluna, está apoiado sobre quatro pilares, ligados por duas vigas de concreto protendido na cobertura, e duas grandes vigas centrais para a sustentação do andar que abriga a pinacoteca do Museu. O andar de baixo da pinacoteca, que compreende os escritórios, sala de exposições temporárias, sala de exposições particulares e bibliotecas, está suspenso em duas grandes vigas por meio de tirantes de aço. Uma escada ao ar livre e um elevador monta-carga em aço e vidro temperado permitem a comunicação entre os andares.
Dentro da perspectiva das grandes obras de Lina Bo Bardi, o MASP é o grande exemplo de diálogo entre lugar urbano e intervenção, em que as sugestões do primeiro se incorporam à forma sem determiná-la. Isto é, o edifício se integra ao espaço e torna-se parte dele como se sempre estivesse estado ali. E assim, o grande espaço público da avenida paulista é preservado e apenas coberto por uma grande caixa suspensa em dois apoios.
A experiência de vislumbrar o grande vão do MASP, por mais que o veja todos os dias, é totalmente surpreendente. A capacidade da arquitetura de criar algo tão inovador e tão surpreendente em uma época que não tínhamos nem metade da tecnologia de hoje, as vezes é até um estímulo para nos estudantes.Nas obras de Lina há sempre uma "idéia forte" influenciando a concepção de cada edifício, traduzida em imagens poéticas que orientam sua organização formal e funcional. Os croquís de Lina mesmo que somente esquemáticos já nos dizem muito sobre a obra. E acredito eu que foi partindo dessa idéia forte de criar um vão livre de tamanha grandeza que Lina concebeu o MASP.
Em meio a transitoriedade da avenida Paulista, o MASP já se tornou um marco cultural para a cidade de São Paulo. Como um museu contemporâneo, ele abriga acervos belíssimos em espaços livres. O interior do MASP dividido em alguns andares é bastante interessante, os andares de exposições contam com uma planta livre que pode se adequar com a necessidade da exposição. Entretanto, em meio às grandes tecnologias de construção civil implantadas no MASP, um detalhe que chamou bastante atenção foram as rampas vermelhas que ligam os primeiros andares. Pelo fato, delas se apoiarem apenas em uma laje e assim ficarem literalmente soltas, tanto que a medida que você se movimenta ela também movimenta. Com isso, temos uma pesada rampa de concreto que se movimenta concebida e construída em uma época que para alguns isso seria quase impossível.
Assim, o MASP tanto em questões arquitetônicas, como em questões construtivas é um ícone da arquitetura brasileira e é uma das maiores obras da arquiteta italiana Lina Bo Bardi. A cada visita ao MASP novas nuances da obra são descobertas e novas experiências construídas. Visitar o MASP pra mim foi um privilégio!
Lorena Alves




















Viagem para São Paulo em 2008

Infelizmente, por motivos maiores não pude acompanhar a turma de Teoria e Crítica da Arquitetura, na viagem para São Paulo. Entretanto, eu já havia visitado algumas obras em viagens anteriores e assim falarei um pouco delas nesse blog.